Por Satyanarayana Das
A civilização indiana é a civilização viva mais antiga do mundo. A razão para ela ter sobrevivido mesmo depois de ter passado por ataques de invasores e governantes estrangeiros por milhares de anos, são suas raízes fundamentadas na Filosofia.
A própria palavra Bharata significa a terra onde as pessoas são devotadas (rata) à iluminação (Bha). A filosofia indiana é tipicamente dividida em duas linhas principais, Astika (ortodoxa ou teísta) e Nastika (não ortodoxa ou ateísta). As filosofias Budista, Jainista e Carvaka não são ortodoxas, pois elas não aceitam a autoridade dos Vedas. Os Vedas são aceitos por seus seguidores como tendo emanado originalmente de Deus. Portanto, na tradição indiana, qualquer sistema de pensamento não fundamentado nos Vedas, mesmo que inclua a crença em Deus ou Deuses, é considerado ateu, nastika.
As escolas astika, originalmente chamadas de sanatana dharma, são coletivamente chamadas de Hinduísmo nos tempos modernos. O Hinduísmo consiste em seis sistemas de filosofia e teologia. Estes são Nyaya, Vaisheshika, Yoga, Samkhya, Purva Mimamsa e Vedanta. Cada escola tem um conjunto de sutras ou aforismos que formam seu núcleo e fornece os ensinamentos essenciais da escola. As primeiras quatro dessas escolas aceitam a autoridade dos Vedas, mas não derivam seus princípios filosóficos das declarações dos Vedas. Seus princípios são baseados nos ensinamentos de Rishis ou sábios individuais.
As duas últimas escolas, ou seja, Purva Mimamsa e Vedanta, no entanto, baseiam seus sistemas teológicos e filosóficos nas declarações dos Vedas. Os quatro Vedas, ou seja, o Rig, Yajur, Sama e Atharva, são divididos cada um em quatro partes conhecidas como: Samhita, Brahmana, Aranyaka e Upanishad.
As duas primeiras partes são predominantemente ritualísticas. Os Aranyakas marcam a mudança do ritual para a teologia, que encontra seu ponto culminante nos Upanishads.
O Purva Mimamsa, (lit. “a deliberação anterior”) baseia seus princípios nas partes anteriores (purva) dos Vedas, a saber, os Samhitas e Brahmanas, já o Vedanta (lit. “a última parte dos Vedas”) é o estudo das partes posteriores, ou seja, os Upanishads) e, portanto, também é chamado de Uttara Mimamsa, ou a deliberação posterior.
Aqui está uma breve visão geral destes seis sistemas de pensamento:
1. Sankhya:
Kapila Muni é o fundador deste sistema. Sankhya aceita dois tattvas ou princípios básicos, isto é, prakriti ou matéria primordial, e purusha ou ser consciente individual. O purusha, também chamado de atma, é imutável, eterno e consciente por sua própria natureza. Prakriti é inerte e sofre modificações enquanto está associado a um Purusha.
Ela evolui do sutil para o grosseiro e assim manifesta o mundo visível. A primeira modificação de prakriti é chamada Mahat ou a inteligência cósmica. Este Mahat evolui para Ahankara ou ego. Ahankara dá origem à mente, cinco sentidos cognitivos, cinco sentidos das ações, cinco tanmatras ou elementos sutis que por sua vez evoluem para akasha ou espaço, vayu ou gases, tejas ou calor e luz, jalamou líquidos e prithvi ou objetos sólidos.
A ideia central neste sistema é que um ser vivo pode se libertar da ignorância ao entender que Purusha é distinto dos vinte e quatro elementos que constituem a matéria.
2. Yoga:
Yoga aceita os vinte e cinco princípios da escola Sankhya juntamente com Isvara ou Deus como o vigésimo sexto. Yoga dá os passos práticos para atingir a realização do Purusha distinto de Prakriti. Este sistema foi fundado por Hiranygarbha e posteriormente sistematizado e propagado pelo sábio Patanjali. Ele define yoga como a cessação de todas as modificações mentais. Para atingir este estado ele dá oito passos, por isso este sistema também é chamado de astanga (lit. oito membros) yoga. Estes são yama, niyama, asana, pranayama, pratyahara, dharana, dhyana e samadhi.
3. Nyaya:
Também chamado de sistema indiano de lógica. É uma escola conhecida por seu silogismo de cinco partes. Ela afirma que existem dezesseis Padarthas ou categorias, e que conhecendo-nas pode-se atingir o objetivo final da liberação.
Os dezesseis Padarthas são pramana, prameya, samshaya, prayojana, drishtanta, siddhanata, avayava, tarka, nirnaya, vada, jalpa, vitanda, hetvabhasa, chala, jati e nigraha-sthana. A maioria dessas categorias está relacionada à lógica e ao debate. Nyaya foi proposto por Gautama Muni.
4. Vaisheshika:
Este sistema foi desenvolvido pelo sábio Kanada. Ele ensinou que existem sete padarthas ou entidades ontológicas e que entendê-las leva à auto-realização. Kanada também postulou que o mundo é feito de átomos (paramanu). Os sete padarthas são dravya(substância), guna (qualidade), karma (movimento), samanya (generalidade), vishesha (especialidade), samavaya (inerência) e abhava (não existência).
5. Purva Mimamsa:
Este sistema foi propagado pelo sábio Jaimini, um discípulo de Veda Vyasa. Esta escola diz que a essência dos Vedas é o Dharma. Dharma significa os mandamentos encontrados nos Vedas e que estão principalmente na forma de yajnas. Pela execução do dharma a pessoa ganhará méritos que a levará ao céu após a sua morte. A pessoa viverá feliz no céu sem enfrentar nenhuma miséria. Se alguém não segue o dharma ou os deveres prescritos, então incorre em pecado e, como consequência, sofrerá nos infernos.
6. Uttara Mimamsa ou Vedanta:
O Vedanta foi ensinado por Veda Vyasa, o compilador dos Vedas. Ele refuta a conclusão de Purva Mimasa e afirma que o ensinamento essencial dos Vedas é realizar Brahman, a Verdade Absoluta, e não o dharma na forma de injunções. O Vedanta tem dois ramos — pessoal e impessoal. No primeiro, a devoção a um Deus Pessoal é o meio para a perfeição. Neste último, a pessoa se percebe como parte da Verdade Absoluta impessoal que tudo permeia. Vedanta é a mais conhecida entre todas as escolas.
Os seis sistemas são geralmente agrupados em três grupos, (1) Sankhya e Yoga, (2) Nyaya e Vaisheshika, e (3) Purva Mimamsa e Vedanta. No entanto, Vedanta é amplamente aceito como o ápice conclusivo de todos os seis sistemas, pois lida exclusivamente com a Verdade Absoluta e explica a Realidade da forma mais consistente. É a única escola que manteve sua relevância na era moderna, embora o Yoga também seja popular agora. Existem várias escolas de pensamento dentro do Vedanta, estas escolas podem ser categorizadas em duas divisões: impessoal e pessoal.
Impersonalismo e Personalismo:
De acordo com a escola impessoal chamada Advaita-vada, a Verdade Absoluta ou Brahman é sem forma e desprovida de quaisquer atributos. É eterna e consciente. Brahman é a única realidade. O mundo fenomenal é uma ilusão e é percebido em decorrência da ignorância sobre Brahman. Os seres individuais não são diferentes de Brahman.
Em contraste com isso, a escola pessoal diz que a Verdade Absoluta é uma pessoa, e é chamado Bhagavan ou Purusottama. Ele tem uma forma espiritual e muitos atributos variados. A característica impessoal descrita acima é apenas a luz brilhante que emana do corpo transcendental desta Pessoa Absoluta.
O mundo, sendo uma criação de Bhagavan, é real, mas sofre ciclos de criação e dissolução. Os seres individuais (jivas) são parte da potência de Bhagavan e deste modo não são absolutamente não diferentes Dele
Utilidade de seis escolas nos tempos modernos:
Todo ser humano, independentemente de sua origem, gênero ou sistema de crenças, sofre de três tipos de misérias, a saber, aquelas provenientes de seu próprio corpo e mente, aquelas causadas por outros seres vivos (como terroristas, mosquitos, animais ferozes, etc.), e as causados pela natureza (como terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, etc.).
A causa, a raiz de todo sofrimento é a ignorância sobre si mesmo. Sabemos muito sobre as coisas ao nosso redor, mas quase nada sobre nós mesmos.
A inspiração básica que está por trás de cada sistema filosófico é de tornar o indivíduo livre do sofrimento. Através do estudo desses sistemas, a visão da vida e do mundo se expande e seguindo o processo prescrito por eles, como o Yoga ou o Vedanta, pode-se tornar-se pacífico e satisfeito em qualquer situação.
A vida moderna está cheia de ansiedade e estresse. A maioria das doenças vem como consequências do estresse, estilo de vida errado, dieta inadequada, etc., ou seja, todos estão enraizados na ignorância sobre nós mesmos.
A educação moderna treina a pessoa para ganhar riqueza, mas não para usá-la de forma benéfica. Ela dá facilidade para viver confortavelmente, mas não ensina como viver. Dá conhecimento, mas não informa sobre sua finalidade.
Em outras palavras, a educação moderna não traz a realização na vida. Se o conhecimento dos sistemas filosóficos hindus forem adicionado à educação atual, será possível levar uma vida melhor em todos os aspectos, seja econômico, social, político ou espiritual.
Os males da sociedade, como corrupção, crime, desunião familiar, exploração, etc., serão facilmente erradicados se as pessoas forem treinadas nos sistemas de conhecimento indianos, especialmente no Vedanta.
Esses sistemas foram usados por milhares de anos no passado e trouxeram glórias à Índia. A glória da Índia desapareceu quando seus sistemas de conhecimento tradicionais foram desenraizados, mas se a Índia voltar a aplicar seus sistemas de conhecimento tradicionais, poderá inspirar o mundo inteiro.
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